Se um adolescente já não consegue conceber sua vida sem celular e internet, imagine atividades complexas, como a gestão de frotas de veículos. A atividade, que nasceu no papel, com o controle de notas de despesas e sua decorrente contabilização, hoje vai até o espaço, onde satélites permitem o monitoramento em tempo real dos veículos. Paradoxalmente, reduzindo os gastos à medida em que incorpora tecnologias mais caras, robustas e sofisticadas.
A gestão de despesas segue uma única rota, que é a da inteligência na prestação dos serviços de transporte. Nesse trajeto, ela passa por várias etapas. Nos quilômetros iniciais, o foco é a eliminação do desperdício e das fraudes. Aqui a tendência é um avanço rápido, com reduções significativas de despesas, que podem chegar a 40% em alguns casos. Hoje já é possível controlar os gastos com combustíveis por meio de travas parametrizadas no sistema de gestão de despesas de frotas: escolha dos postos, quantidade, periodicidade e preço pago por abastecimento, entre outros filtros.
As informações coletadas por meio das tecnologias empregadas geram relatórios comportamentais de veículos e modo do condução, sendo que o cruzamento dessas informações detectam não só o furto de combustíveis como outras fraudes, além de apontarem consumo e quilometragem excessiva, desgaste de peças, favorecendo também o controle e redução das emissões dos gases causadores do efeito estufa. Temos cases de clientes de nossas associadas que obtiveram uma redução de 58% nos gases de efeito estufa.
Ou seja, depois da eliminação de desperdícios e fraudes, avança-se para a elevação da eficiência. Relatórios gerenciais favorecem práticas e políticas de manutenção preventiva dos veículos, do modo correto de conduzi-los e também para o cumprimento da legislação vigente pelo proprietário, pelo condutor do veículo e por terceiros. Graças à tecnologia, conseguimos passar do controle dos custos visíveis para os invisíveis, que são os relacionados ao desempenho dos motoristas.
Por meio de relatórios, a empresa pode acompanhar e comparar o desempenho entre motoristas e veículos. O sistema, quando bem utilizado, permite ao cliente conhecer o custo do Km rodado por cada tipo de veículo ou condutores. Algumas associadas da AGEV chegam a oferecer serviços de telemetria, por meio dos quais é possível rever rotas e realocar veículos já em trânsito. Outras, apóiam seus clientes para entrar no mercado de créditos de carbono. Outro serviço de grande relevância é o treinamento de condutores para uma direção mais responsável e consciente, que favoreça a redução dos acidentes.
As informações coletadas para gestão (via POS, Web, Anel, RFID, etc), como volume de combustível, tipo de combustível, dados do condutor, Km dos veículos, número de OS, dentre outras, são o diferencial e a base das soluções de produtividade e eficiência. Temos cases de redução de 45% nos veículos parados e de 56% de melhoria na manutenção.
Para que isso fosse possível, o setor buscou soluções tecnológicas em várias fontes. A tecnologia utilizada, portanto, difere conforme as soluções de cada empresa do setor. E não podia ser diferente. Afinal, estamos falando de um mercado extremamente diverso: as necessidades de gestão e as soluções ofertadas são diferentes para cada tipo de frota (leve ou pesada), por exemplo.
Hoje o mercado de gestão de despesas está solidamente estruturado com base em redes de captura desenvolvidas especificamente e que são, portanto, distintas entre concorrentes e daquelas estabelecidas pelas empresas de meios de pagamento. São soluções estruturadas em sistemas próprios, fechados e complexos de captura, autorização e back-office e que possuem complexidades diferentes.
Não há dúvida de que a livre concorrência entre as empresas, que continuam correndo para desenvolver as melhores soluções para seus clientes, está na base do avanço tecnológico que nos permitiu ir muito mais além do mero – embora fundamental – controle de despesas com combustíveis e manutenção. Já chegamos à inteligência mesma da operação, que almeja identificar o custo por quilômetro rodado, os fatores críticos que oneram o orçamento e as melhores estratégias para performar com a frota existente e até para reduzir sua depreciação. Informações criticas para quem, como nós, atua em mercados competitivos e dinâmicos.
(*) Ricardo Albregard é presidente da AGEV – Associação de Gestão de Despesas de Veículos
Fonte: Guia do Transportador de Carga