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07/06/2016

O esporte é cego

Na semana que vem eu recebo o título de embaixador paraolímpico, uma honraria que enche os meus olhos de lágrimas e o meu coração de orgulho.

O meu papel é o de disseminar os valores e os pleitos de nossa equipe paraolímpica na sociedade.

Apesar de menos prestigiada e conhecida do que a nossa equipe olímpica, é a equipe paraolímpica que ganha mais medalhas.

O que é a cara do Brasil. O Brasil é superação, é caminhar contra o vento. O Brasil é um saci-pererê.

Precisamos dos jornalistas do esporte e, para além deles, dos formadores de opinião e de todos aqueles que possam colocar a nossa equipe paraolímpica no panteão que ela merece. São heróis nacionais que têm muito a dizer, a mostrar e a fazer.

O maior medalhista do esporte paraolímpico brasileiro vem das piscinas. O nadador Daniel Dias já ganhou 15 medalhas em Jogos Paraolímpicos, sendo que dez delas são de ouro. Dias conquistou pela terceira vez neste ano o Prêmio Laureus, considerado o Oscar do esporte mundial.

O Brasil tem ainda a cega mais veloz do planeta, Terezinha Guilhermina. Terezinha tem seis medalhas em Jogos Paraolímpicos, três delas de ouro. Ela é simplesmente a recordista mundial dos 100, dos 200 e dos 400 metros para cegos.

O futebol masculino, grande paixão nacional, tem frustrado a nação por nunca ter conquistado a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos (esperemos que neste ano seja diferente). Mas, no futebol de 5 paraolímpico para cegos, a seleção brasileira é tetracampeã mundial e nunca perdeu uma partida sequer em três edições dos Jogos Paraolímpicos. Na Rio 2016, vamos em busca da quarta medalha de ouro tendo como destaques os craques Ricardinho e Jefinho, os dois melhores jogadores de futebol de cegos do planeta.

O Brasil é uma potência do esporte paraolímpico. Desde os Jogos Paraolímpicos de Pequim, em 2008, o nosso país fica entre os dez melhores do quadro de medalhas, resultado do aumento dos investimentos e do trabalho do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), fundado em 1995, na descoberta e na preparação dos nossos atletas.

Em Pequim, o Brasil terminou em nono lugar, com 16 medalhas de ouro e 47 medalhas no total. Quatro anos depois, nos Jogos Paraolímpicos de Londres, o Brasil ficou em sétimo lugar no quadro geral, com 21 medalhas de ouro e 43 medalhas no total. Agora, competindo em nossa casa, diante de nossa torcida, o nosso objetivo é ficar em quinto lugar.

Para chegar lá, o desafio será conquistar pelo menos dez medalhas de ouro a mais do que em Londres e superar países como a Austrália e os Estados Unidos, potências olímpicas e paraolímpicas.

Numa história crescente de esforços e vitórias, o calor e o amor de nossa torcida serão fundamentais.

Esta Folha é lida pelas pessoas mais importantes do Brasil. O que você, todo-poderoso, pode fazer para me ajudar a ajudar essa causa tão nobre?

Feche os olhos e imagine o que você pode fazer.

O amor é paraolímpico. O amor é cego.

Conto com o seu apoio, com a sua presença de espírito. Conto com um texto no seu Facebook, no seu blog, no seu Twitter, na sua coluna, no seu programa de televisão ou de rádio ou de YouTube.

O Brasil vive um momento de adversidades. Mas, como sempre digo, cadeirantes, cegos, sem pernas e braços, atravessaremos entre os primeiros a reta da chegada.

Porque somos o país da superação. Somos o Brasil.

Artigo Nizan Guanaes
Fonte: Folha de São Paulo - 07/06/2016